“Desistir não faz parte de mim.“
Todas as histórias merecem ser partilhadas.
A Bizy teve a honra de entrevistar mais de uma dezena de mulheres empreendedoras que partilharam connosco a sua história: as partes boas, as partes menos boas, e as partes incríveis.
A Juliana Bittencourt tem 42 anos, é oriunda do Brasil, e a co-fundadora do 3Ferrets.
Com estudos na área científica, mas foi o sector administrativo que a cativou e pelo qual se apaixonou.
Dentro da administração, já teve oportunidade de trabalhar em vários sectores, como o turismo ou mesmo educação. Na 3Ferrets é responsável pela gestão e organização administrativa.
Mulheres Empreendedoras: um resumo da conversa com Juliana Bittencourt
A Juliana é uma mulher de garra e que não desiste. Não só é a co-fundadora e gestora administrativa da 3Ferrets, como conjuga com outra profissão que lhe surgiu naturalmente: a assistência virtual.
Trabalhamos com PME’s. E é muito importante para nós que assim seja, porque quando trabalhamos em multinacionais, não víamos o cliente e o resultado final. E gostamos de ver todo o processo, de início ao fim, e ver como o cliente reagiu, partilhou. (…) Falamos com quem tem o coração e a alma.
A 3Ferrets não é apenas especial para a Juliana e o marido, mas tem também uma história por trás…
Eu e o meu marido tivemos um furão. Os furões são animais muito curiosos, e é algo com que nós os dois nos identificamos. Então quando criamos a empresa e pensamos no nome, entendemos que éramos os 3 furões (3 Ferrets).
E por que dificuldades passou a Juliana na 3Ferrets?
Os custos de ter uma pequena empresa são muito elevados. Os impostos são ridículos. Quase somos impossibilitados de ter um negócio com tanto imposto a pagar! Tanto aqui em Portugal como no Brasil.
Fora isso, felizmente ultrapassamos a dificuldade que muitos outros têm, porque tivemos clientes com relativa facilidade tendo em conta a carteira de clientes que o meu marido já tinha.
Aproveitamos para perguntar à Juliana como eles ultrapassaram as dificuldades em conseguir clientes quando se mudaram para Portugal.
O networking foi muito importante para ganharmos clientes de cá, que nos pagassem em euros. Conhecer pessoas cá, que trabalhassem connosco. (…) A melhor forma como temos conseguido clientes é mesmo essa.
Na pré-entrevista, a Juliana partilhou que foi difícil sair do Brasil em 2017 e em 2020, passado tão pouco tempo, surgem as consequências da Covid-19.
Desde que nos casamos que tínhamos vontade de ter uma experiência fora. Não foi fácil, mas resolvemos e viemos com uma proposta de trabalho que infelizmente não deu certo. Mas também sabíamos que queríamos a nossa empresa e então lançamo-nos nisso. Foi muito complexo abrir a empresa e, se pudesse repetir, faria de forma diferente.
Nós já estávamos num espaço de co-working, com um crescimento inimaginável, e a trabalhar com uma nova pessoa. E então surge a Covid-19, o isolamento, e tivemos que deixar o co-working e a pessoa que trabalhava connosco. Sinto que tomamos a decisão certa, foi difícil, mas foi a atitude certa.
Enquanto casal, a Juliana e o marido já passaram por várias adversidades, mas sempre enfrentaram tudo juntos.
Temos aqueles momentos pequenos em que pensamos “que vamos fazer?”, mas temos que ir em frente. É chato trabalhar por conta própria em certas alturas, porque um contrato de trabalho dá sempre mais segurança. Mas há outras vantagens em ser assim.
E o que é isto de ser mulher empreendedora? Foi mais difícil para a Juliana que para o marido?
Muito mais difícil! Tive clientes que só falavam com ele e não comigo. E houve uma situação em que ele interveio e disse “isso tem que falar com a minha mulher, senão não poderemos trabalhar juntos.”
Há muito machismo. E temos que lutar contra isso, claro, mas sem lhe dar demasiada importância.
O conselho da Juliana para quem quer começar um negócio:
É uma grande vitória uma mulher ser empreendedora. O mais importante é saber o que quer fazer, seja o que for. Tenho amigas que começaram negócios de bolos porque era o que gostavam de fazer.
Temos que perceber o que gostamos e o que queremos fazer. Mesmo que às vezes não seja o que estudamos. Temos que ter paixão pelo que fazemos e ser feliz a fazê-lo.
Tem que saber que não é fácil, especialmente sendo mulher. Mas vale muito a pena.
Outro conselho é que construam uma boa imagem do negócio (um bom branding), porque é realmente muito importante.
A Juliana foi uma convidada fantástica e não deixou nada para trás. Adoramos a entrevista e a transparência! O nosso muito obrigado pela forma tão simples e alegre como nos recebeu virtualmente.